Posted by : WhiteVir domingo, 28 de maio de 2017








Quando acordou, estava se sentindo revigorada. A cabeça não latejava, não sentia seus membros doerem e respirava melhor do que nunca.
Mas ela percebeu que ao mover-se, estava deitada em algo macio, uma cama rente ao chão. Abriu os olhos e jogou seu tronco para frente.

- Sally! Você acordou! Que bom! - ouviu a voz familiar de Ellie se aproximando.

- Onde eu tô...? - pergunta, olhando para os lados. 

Estava numa especie de enfermaria móvel. Era simples e com as panos brancos. Uma tenda.

- Eu acredito que no mundo dos sonhos. – e riu.

- Mas... O que aconteceu? – e colocou a pata sobre a cabeça. - Eu só lembro daquele cristal e depois eu sendo levada por aquela correnteza. Foi legal. - acrescentou.

- Legal? LEGAL!? Você só sobreviveu por acaso, Sally! - disse exasperada. - Foi muita sorte!

- ...Hum... - e apoiou a mão no queixo. - Bem, eu to viva e muito bem. O que importa... - cortou a própria fala ao meio. - É que, cara, sinto como se pudesse enfrentar qualquer coisa... tipo, todos da Guilda! Ou quem sabe um exército de Tauros!

- AH! - lembrou a Snivy, se levantando da cadeira. - Você não vai acreditar! Adivinha quem ajudou a gente?! Nada menos do que o famosíssimo Team Or-

- Pera, pera Ellie!-impediu ela.- Quem fez o que?

- Ah é... Esqueci que você não os conhece! São um dos melhores times de exploração dessa região! - disse animada. - E eles ajudaram a gente!

- Mas onde estamos, exatamente? 

- Oh. Eles nos levaram para o Hot Spring! Estamos numa espécie de Oásis.

Sally se levantou.

Olhou para algumas agulhas e instrumentos médicos, querendo sair imediatamente daquele lugar. Embora não quisesse que Ellie percebesse seu desconforto com aquele equipamento e cheiro de álcool.

Seguiu a Snivy, fechando a aba da tenda. 

Olhando ao redor, a paisagem era de um verde vivo, com um céu limpo e ainda, com a vista para uma praia. Havia piscinas por entre as arvores e via alguns Pokémon submersos na água, outros apenas com a cabeça para fora.
Sally se desesperou: ESTAVAM SE AFOGANDO!

Preparou-se para saltar, quase correndo pelo assoalho de madeira que revestia a lateral da fonte, mas Ellie a parou a tempo.

- Relaxa. Eles não estão se afogando ou algo assim.

- Mas eles...

- Isso é como uma fonte termal. Eles ficam praticamente imersos na água ou na areia quente.

- ... -Sally olhou para os lados, muda, vendo que os Pokémon presentes estavam com as cabeças para fora da água. Todos tinham expressões calmas em suas faces.

- Eu nunca vim aqui antes. Mas sempre quis. Eu não sou muito de água quente, então iria para areia. Mas ela está do outro lado...





Depois de um longo suspiro, Ellie se virou para Sally e disse:

- Venha. Eu vou te apresentar a eles.

Ellie se virou e foi na direção oposta aquela da grande piscina quente.

Atravessaram uma pequena trilha de pedras, passando por coqueiros e outros tipos de Pokémon exóticos, que acenaram felizes, indo para a fonte. Quando chegaram a uma grande clareira, que funcionava como uma espécie de bar, possuia balcões e cadeiras espalhados, além de uma fonte de água no centro, mediana e brilhante.

Agora, ele estava praticamente vazio, nem mesmo o Bartender do lugar estava presente.

Não havia muitos outros Pokémon, a não ser quatro. Um deles, era curvado, semelhante a uma tartaruga. Seu casco era preto e com algumas aberturas em vermelho, de forma hexagonal. Seus olhos eram fechados, e acenava a cabeça, lentamente, sempre com um sorriso no rosto laranja. 



O outro, a direita, havia um Pokémon amarelo, que flutuava através do poder da mente. Ele tinha o tronco marrom, assim como os os braços e o joelho. Com seu semblante calmo e pacífico, ele conversava seu semblante e acenava positivamente para o Torkoal.



Ao seu lado, havia outro Pokémon, que remexia a cauda longa e poderosa. Era alta e de uma pele escamosa dourada, com grandes e afiadas presas vermelhas em suas bochechas, assim como seus olhos. Era a segunda maior de todos do grupo.




O maior Pokémon apresentava armadura esverdeada clara, com o tronco azul. Tinha uma cauda destruidora, braços fortes e com garras afiadas. Olhos vermelhos estavam centrados no Pokémon tartaruga, mas pro um breve momento, encontrou-se com os de Sally, percebendo sua chegada.





- Vamos, são eles! - lembrou Ellie, andando para frente.

A conversa entre os quatro parecia ter terminado e o idoso Torkoal se retirara do lugar. O trio permaneceu parado, observando a dupla chegar. Ellie estava feliz e acenou para o grupo.

- Olá! Eu fiquei de apresentar a minha amiga Sally!

A Totodile ergueu a cabeça e olhou para os Pokémon a sua frente. Um demonstrava ser mais forte que o outro, mas emitiam auras calmas e também acolhedoras, até certo ponto. A Tyranitar observava Sally, que retribuía o olhar com intensidade.

- Queríamos agradecer por terem nos salvado! Ou no caso, terem me impedido de ir naquela correnteza, e depois me ajudarem a achar a Sally.

- É mais um dever comprimido, minha cara. –disse o Alakazan, sorrindo.

Haxorus nada disse, mas acenou com a cabeça. Tyranitar se posicionou a frente de Sally, virando a cabeça.

- Você me é familiar. Aonde nos vimos antes? – indagou com sua voz feminina.

- Eu não tenho a menor ideia. – dito isso, deu os ombros e levantou as patas na altura da cabeça, em dúvida.

- Entendo. – ela parecia um levemente decepcionada, mas não deixou isto tão claro. –Talvez seja melhor partimos.

- É uma boa ideia. – concordou Haxorus, cruzando os braços e aguardando o integrante do grupo confirmar também.

- Espera! – disse Sally, e todos se sobressaltaram com impulsividade e intensidade da voz. Até mesmo a própria Sally ficou surpresa. - Eu quero batalhar com você! - Apontou para a Tyranitar.

- Sally?! - perguntou Ellie, incrédula com o pedido.

"Essa guria! ELA NÃO SABE O QUE TÁ FAZENDO...! ELES SÃO OS- " , pensa Ellie, agitada.

- ... Batalhar comigo? - Tyranitar a encarou, cruzando os braços.

Quando Alakazan e Haxorus pareciam querer falar algo para Sally, o Pokémon armadura estendeu o braço para o lado, parando-os com o gesto.

- Desafio aceito. - e ela estendeu a mão para a frente, aceitando o acordo, Sally fez o mesmo, sentindo a firmeza do aperto.

- HEH! - e não escondeu sua felicidade. - Mas espera, aonde iremos batalhar?

- Conheço um uma caverna perto daqui. Siga-me.

E os três Pokémon restantes se entreolharam, com um sorriso no rosto. Mesmo Ellie, que segurava a mão na região do tronco, como se faltasse ar em seus pulmões.

Na cabeça de Ellie, pensara que ainda que a amiga tivesse forças para derrotar todos da Guilda, como dissera ao acordar, não teria forças para durar mais que alguns segundos com aquela Tyranitar.



* * *


Um vento forte bateu contra a janela e invadiu a sala, fazendo com que as pilhas de papel sob a mesa voassem para todos os lugares daquele escritório pequeno. Resmungando mais uma vez, Gerren levantou-se de sua cadeira e fechou a janela, junto com a cortina.

Se concentrando novamente em seu caso, o Growlithe pegou as folhas e se pos a analizar os fatos mais uma vez.

A dupla criminosa responsável pela explosão ainda estava a solta, e ele sequer tinha uma pista de onde atacariam uma próxima vez. Ou pior ainda, se já tivessem atacado algo a mais que não fosse aquela unidade de policia.

Pondo-se a imaginar como aconteceu o incêndio, ele pensou que seria muito difícil um Plusle e um Minun detonarem sozinhos um lugar grande daqueles. Muito provavelmente poderiam ter recebido ajuda de um Pokemon maior, levando em conta que a capacidade de energia dos Pokemon é proporcional ao tamanho do corpo. 

Possivelmente, aquilo possa ter sido planejado. Era isso o que mais temia. Um esquema maior.


Se fosse esse o caso, não estaria lidando com quaisquer criminosos. Certamente sabiam o que estavam fazendo. 


A situação, como pensava o Pokemon de fogo, não envolveu vítimas, pois não constou nenhum ou quase nenhum dos aldeões passou por ali. Mas apenas naquele dia em questão não havia ninguém. 

 Para um tramit desse porte, os envolvidos deveriam ter contatos espalhados. Com um nó na garganta, até mesmo alguns infiltrados, em qualquer lugar.

Ele teria que anotar tudo em mais papéis e os deixar pendurados em seu painel pregado na parede. No momento, não havia muita informação recolhida. 


Ele teria tido mais tempo, se seu chefe não houvesse dado mais outros casos para ele resolver. Eram meros assaltos e relatórios de patrulhas. Achando um ou outro Pokémon em uma ou mais outras dungeons que fora, obteve sucesso em todas. 


Mas ele não estava interessado em casos pequenos. Ele mal estava tendo tempo para Plusle e Minun.


Então, parou de se lembrar desses fatos, suspirou alto e torceu para que não fosse mais chamado naquele dia.




* * *




O lugar se assemelhava a uma cúpula, mas feita de pedras cinzentas. Tinha inúmeros buracos no lado de cima, de modo que a luz solar fizesse seu papel iluminando a arena. A terra era macia e marrom. Mas também seca.

Ao redor, as árvores tropicais tinham suas folhas balançadas ao vento, como se sussurrassem entre si algo do combate que estava por vir. O grupo se dirigiu a entrada e os expectadores se alojaram nas arquibancadas de pedras, esperando pelo espetáculo.

Sally percebeu que a Tyranitar era muito mais alta que ela. Muito mais musculosa, esguia e certamente com mais experiências de batalha. Mas isso não a intimidou. Seguiu em frente com um sorriso confiante no rosto e entrou na arena.

- Será apenas uma batalha. - Disse a adversária. – A primeira que for derrotada ou incapaz de batalhar, perde.

A Tyranitar estava de frente para Sally. Então a sua frente, ela estendeu novamente a pata esverdeada e sorriu. Sally estendeu o braço, apertando a pata firmemente. A da Tyranitar envolveu a de Sally quase que por completo.


----------------------------------------------------Gijinka Pov´s----------------------------------------------------


 E foi quando tudo modificou. A sua vista tremeu e quando se estabilizou, seu queixo havia caído.

O que havia na sua frente, não era uma Tyranitar, e sim uma mulher de uma armadura verde clara, que moldava o seu corpo. Usava uma máscara que ia do queixo até a ponta do nariz, além de dois pares de presas colocadas aonde deveriam ser as bochechas. Sua mão era na verdade, coberta por uma luva metálica e com unhas afiadas.

Usava botas verdes e com buracos pretos, parte de sua armadura. O cabelo era branco, quase como um prateado. Mesmo achando que estava frente a uma beldade, quando olhou em seus olhos, ela viu a certeza de uma grande adversária.

- Ué, um Glameow comeu a sua língua? –indaga a mulher, levantando as sobrancelhas.

- A-ah, não. - E tentou se recompor.- Não é nada não. – Dito isso, acenou e virou as costas. 

E olhou para as mãos. Estas estavam enluvadas e tinha os dedos livres. Sua roupa se resumia ao moletom com um "V" amarelo no peito, e estava com calças jeans azuis. Para completar, adorou seu tênis all-star vermelho de cadarços brancos. Ela sorriu e olhou as juntas das mãos. Estavam envolvidas com uma superfície metálica amarela. Quando pensou o que seria, descobriu serem suas garras afiadíssimas, que emitiram um click metálico.

Então olhou para a arquibancada, observando os telespectadores.

Ellie era uma garota de estatura mediana, mas mais alta e esguia que Sally. Os cabelos verdes estavam presos numa trança jogada em seu ombro esquerdo e ainda havia uma franja rebelde e solta na testa. A pele era branca como alabastro, além de marcas verdes em seu rosto. 

Sorria e acenou alegremente para Sally. Ouviu uma “boa sorte” por parte da amiga.

Complementando com “Espero que você tenha uma sorte extra, pois vai precisar dela agora.”.

O Alakazan e a Haxorus também estavam diferentes. O homem era alto, mas menor se comparado a mulher de armadura dourada. Ele tinha roupas amarelas e marrons, além de uma barba. Já a Haxorus, tinha uma armadura completa dourada.

Então Sally se concentrou em sua oponente. Posicionou-se e ergueu os punhos. A mulher a sua frente também se posicionou e ergueu os braços. Ao joga-los para frente, sua arma apareceu.

A primeira era um machado mediano e verde, além de detalhes em vermelho e escuro. O cabo era azul, como o oceano.

Aquilo parecia familiar para Sally. A sensação de que conhecia o seu oponente, e que agora, enxergava todos de forma diferente do que antes.

Talvez no final, também era algo que se esquecera.

A Tyranitar então estendeu o machado, como se dissese que estava pronta para o combate.

Mas a aparência e a demonstração de força também eram significativas.

-Você primeiro. – ofereceu a Tyranitar.

Então Sally tomou um impulso e correu em direção à mulher de armadura.

Aquela sensação era diferente. Era uma mistura de ansiedade e medo. Mas era única, fazendo o estomago de Sally tremer. Ela saboreou a nova sensação com um sorriso no rosto.

Se sentia mais rápida, mais livre e solta com a adrenalina correndo por suas veias.

Sentiu um clique em suas garras, elas triplicaram de tamanho. Elas não saíram brancas, e sim prateadas. Seu golpe que aprendera: Metal Claw!

 A Tyranitar percebeu o movimento, mas não saiu do lugar. Estendera o braço, e quando Sally menos esperou, a pegou pelo pulso e sem ao menos raciocinar, ela atirou Sally para o outro lado da sala.

Sally caíra no chão rolando, mal vendo o movimento que quase a tirou de combate. Ela sentiu dores pelo corpo, principalmente nas costas, que começaram a arder. Mas ela se levantou.

"Agora eu sei. Eu já tinha esse golpe!" - e sorriu.

- Eu mal te bati e já está sorrindo e voltando para apanhar mais? - Disse a mulher, sua voz abafada pela máscara. - Quem diria, estava certa em pensar que você era diferente.


***


Era depois do meio dia, e ele havia almoçado no escritório. Ainda que houvesse luz do outro lado do corredor, parecia de noite naquela sala.

Estava tudo fechado, isolado naquela pequena sala. A luz do centro da mesa estava acesa e mostrava outros papeis e pastas, a mesa e o painel. Gerren mal podia ser notado naquele ambiente.

Ele se então riscou no seu bloco de notas novamente. No final, estava chegando a alguma coisa. Ou a algum lugar. Ou a alguém.

Mas sabia que estava progredindo.

Qualquer um sabia que simplesmente não se faz um ataque de dia. A menos que queira chamar a atenção.

E quando retornou naquela manhã para Pokemon Village, ele soube que fora por um triz que os Pokemon policiais da explosão não haviam morrido.

Um deles diziam que fora o gás da cozinha que estava aberto e explodiu com as faíscas do Pokemon elétricos. Outro dizia que as lâmpadas explodiram e ai a faísca gerou a explosão.

Outros nem sabiam o que havia acontecido ou o que faziam ali.

Porém, ele se surpreendeu que os irmãos Plusle e Minun haviam sido pegos e levados até ali. E quando eles estavam de retirada, levados para a cadeia principal por uma escolta, o lugar explodiu em chamas.

Então eles estavam sendo escoltados por Pokemons da polícia. E dos Pokemon da escolta, somente um voltou até agora.

Esse caso estava mexendo com sua cabeça. Mas no fundo, ele ficava feliz por saber que não era um caso de policia comum. Mas também um sentimento de preocupação não deixava de rondar seus pensamentos.

Quanto maior o caso, maior a gravidade dele. E maior a responsabilidade.

Só pensava que seria o único responsável. Pois estava sozinho.

Sozinho naquele escritório escuro, longe de todos. Naquele sábado ensolarado e sem nuvens.



***



- Se você sair viva, eu te pago dois shakes de Blue Gummi na loja da Tia Klefairy!- Berrou a garota de cabelos verdes da arquibancada. Em seguida, apoiou as mãos na barriga e começou a rir.

- Nossa Ellie! Que confiança é essa que você tem em mim, hein? ! -Falou Sally, sarcástica.- Agora que eu topo essa parada mesmo!

- Não se preocupe. - Voltou a falar a mulher esguia. - Prometo pegar leve com você. Será nosso segredinho. – E colocou um dedo aonde deveria ser a boca coberta pela mácara, como se fosse algo secreto.

Sally não percebeu o rubor pelo rosto e orelhas. Mas gaguejou quando tentou falar algo. Então rosnou para si mesma. 

Ela parecia estar insultando Sally. A Totodile odiou esse sentimento com todas as suas forças.

Antes que a rival fizesse qualquer movimento, Sally estendera as mãos frente ao corpo, em forma de concha, e dela saíra uma bola azul celeste, brilhante e pulsante. E sorrindo, depositou toda a sua força nela, e arremessou aquele poder para frente.

Disparou contra a Tyranitar, e o impacto gerou uma pequena fumaça. Water Pulse gerado com sucesso.

Quando esta se dissipou, havia um novo desgaste no estômago da armadura. As botas estavam mais para trás, cavando sulcos na terra. Sally ficou feliz com o resultado.

O pessoal da arquibancada murmurou desconfiado. Até mesmo Ellie, que se apoiara no corrimão lateral, ficou de boca aberta.

- Eu não acredito. - disse simplesmente.

- Ora, você me acertou. - comentou irônica. - Pena que não fez muita diferença para mim.

Ela abriu um sorriso de canto, sabendo isso somente pela expressão de seu olhar. E Sally sabia que dali não iria sair boa coisa.



- Sua colega é bem interessante, jovem Ellie. Foram pouquíssimos que puderam sequer atingir nossa companheira. –disse Manuel, com um sorriso simples. - Se bem que o último que a atingiu teve que...

- Não vamos julgar tão cedo, Manuel. - E a Haxorus cruzou os braços, a armadura emitindo sons metálicos. - A pequena tem talento, mas veremos como ela se sai contra nossa Tyranitar..

- Seu nome é Manuel? - Perguntou Ellie, discretamente.

- Oh. Onde estava com a cabeça? Perdoe meus modos, jovenzinha. Não apresentei os nossos nomes. - Ele gesticulou com a mão, apontando para seu peito e indicando a si próprio. - Somos o Team Order of Gold. Sou Manuel, o Alakazan. Esta é minha amiga Diana, a Haxorus, e aquela combatente é a -

- OWAAAAAAAAA! - Gritou Sally, voando novamente em encontro a parede, interrompendo assim a fala do mago psíquico.

A garota aterrissara no chão sem grandes cerimônias e rapidamente se levantara.

Moveu a cabeça para os lados, bagunçando ainda mais o cabelo curto azulado. Correu em direção a oponente, que erguera os antebraços. Sally desferiu uma sequência de Metal Claw, e sabia que isso surtiria algum efeito a Tyranitar.

Mas esta não mostrara uma reação sequer, jogando seus braços para frente e uma força sinistra disparou contra Sally.

Era quase que uma sensação de mau estar, porém, mais forte. A onda negra a empurrou para longe, de novo.

Embora o Dark Pulse não fosse efetivo, causou um grande dano a Totodile, que fora novamente afastada do centro da arena de batalha. Quando percebera, estava muito próxima da parede. Mais alguns passos curtos, e provavelmente estaria encurralada.

"Mas isso está apenas começando! "- disse para si mesma.

Sally passou as costas da mão no nariz, impedindo uma mancha de sangue de escorrer pela face.

Sorriu e correu novamente.

Flexionou seu pés, curvando-se e impulsionou-se com toda a sua força para cima. Assim, ela saltou o máximo que pode e com os braços erguidos para cima, apertou as mãos e se jogou para frente.

- METAL CLAW!! - Berrou, depositando toda a sua força de vontade naquele golpe.

Mas não atingiu a Tyranitar.

Muito pelo contrário, pois esta havia levantado a perna para cima, e atingira Sally no estômago, em pleno ar. E Sally caiu novamente no chão, cobrindo a barriga com as mãos.

Ela sentiu sua vista embaçar, e sua força vital se esvaindo. A dor agora era forte demais, e quase se amaldiçou por ter repetido o café da manhã. Parecia que todo o bolo alimentar estava indo para a garganta.

Para piorar, suas pernas tremeram e arqueou as costas, quando sentiu uma pontada na espinha.

A Tyranitar não se moveu, esperando que Sally se levantasse. A Totodile quase achou que aquilo era um teste. E não uma batalha propriamente.

Com uma longa inspiração, a azulada se pôs de pé e se jogou para  frente, correndo com impulso. Ela começou a correr em direção a Tyranitar, e quando se aproximou, sacou suas garras prateadas.

A sequência de Metal Claw não atingia uma vez sequer a oponente. Ela se desviava com uma fluidez sem igual, girando graciosamente seus pés e corpo. O cabelo branco acompanhava seus movimentos corporais, e Sally sentiu um cheiro doce pairar no ar.

- AH CARA, QUAL É! - E juntando seus dois braços, gritou a próxima sequencia do golpe. - WATER PULSE!

E nem mesmo a Totodile acreditou quando o golpe a atingiu no ombro, fazendo que a adversária recuasse alguns passos.

- Ora, essa foi boa. Mas eu acho que a brincadeira deve acabar. - E não deixando tempo para Sally pensar, a mulher estendeu o machado, uma luz brilhou da ponta. - Thunderbolt.

E com uma explosão, Sally sentiu uma dor incomparável. Era como se seus membros se paralisassem, o oxigênio tivesse abandonado de seus pulmões. Ela tremeu, e quando os raios pararam, ela caiu no chão com um baque surdo.

-...Sally! - Sussurrou Ellie, cobrindo a boca.

- Hum, essa foi..

- Um bom Thunderbolt, Manuel. - Disse Diana, sorrindo com o canto dos labios.

- Na verdade, eu iria dizer que ela pegou um pouco pesado...

- Pesado? - E a Snivy se engasgou falando. - Quer dizer que ela estava pegando leve até agora?!

- Bem, resumindo, sim. - Diana respondeu, apoiando a mão na cintura. - Geralmente ela varre os inimigos num piscar de olhos.

- I-incrível... - E voltando sua atenção para a arena, Ellie ficou boquiaberto quando Sally se levantou mais uma vez.

- A verdade, é que nossa amiga está sendo imprudente de novo. - lamentou o Pokémon. - Ela nunca acha adversários à altura. E com isso, ela acaba desprezando alguns oponentes, não batalhando sempre.

- Acho que ela se esqueceu de novo das nossas regras. - desabafa Diana, remexendo a cauda impacientemente. - Espero que Sally consiga acertá-la de novo. Vou jogar na cara na cara dela aquele arranhão! E que não deve subestimar os outros, mesmo sendo pequenos!

A Totodile cambaleava, e com as costas curvadas, tentava respirar. Suas roupas estavam chamuscadas, e a área mais atingida foram as mechas nas pontas do cabelo. E engolindo o seco, ela ergue os ombros.

Sua habilidade, torrente, havia sido ativada. Estava cansada do combate, seu corpo tremia e seus olhos se dilataram procurando pontos de luz. A respiração fica mais pesada e curta. Seu poder de ataque aumentou massivamente quando seu corpo entrava em um estado de exaustão. Sentiu um arrepio na espinha, e arqueou as costas.

- Ai, essa doeu, hein. - Sally brincou, abrindo um sorriso. - Cê é peso, hein.

- Espere, está falando de minha massa corporal ou está se referindo a minha perfomance? - soou impaciente.

- Oshe, não importa sua aparência não. Cada um é único do seu próprio jeito. - E Sally limpou uma gota de sangue dos lábios rachados. - Digo que eu fui praticamente tostada viva. Acho que tava mais pra frigideira do que fogão...

- Hahahaha! - A mulher moveu a cabeça, fechando os olhos com a risada. - É, eu acho que foi mais pra frigideira mesmo.

Sally queria responder, mas ela se jogou para o outro lado do chão, desviando-se de uma machadada.

- Ué, a gente pulou pro corte de carnes? - Brincou novamente, despertando um sorriso suave da oponente.

- Agora você vira um picadinho.. EARTHQUAKE!

Ela socou o chão com tanta força com os punhos das mãos que a terra oscilou por momentos. Então, uma onda de terra ao redor dela se espalhou, crescendo quanto mais percorria a arena, destruindo tudo em seu caminho. Sally estava um pouco longe, mas não teve como escapar do golpe.

- Hum, realmente, sua colega de equipe tem um bom potencial. - Manuel se virou para Ellie. - Tem a certeza que ela não havia lutado tão bem antes?

- A-ah, eu acho que não. - ruborizou por não lembrar tão bem de performances anteriores da amiga.

"Não posso falar que Sally perdeu a memória, o que eu faço?!"

- Sally nunca precisou lutar até esse ponto quando fazíamos as explorações. É a primeira vez que vejo ela assim. Talvez nem ela saiba que também tenha essa habilidade. Ela não é muito de falar sobre ela... E sim sobe piadas.

- ...Oh. - E ele arqueou as sobrancelhas, surpreso. - O estilo de batalha de Sally parece aquele que ataca muito, embora ela está resistindo bem. Mas ela parece enferrujada.

- Enferrujada?

- Bem, acho que nesse caso, vocês devem  persistir muito em combates. Como é seu estilo, Ellie?

- Eu geralmente uso meus chicotes. - Disse, sacando sua arma imediatamente para as mãos.

- Interessante, pois você já tem alguma experiência. - Comentou sorrindo. - Embora seria interessante você dar um foco em como você utiliza esse chicote.

"Uma dica! Eu realmente preciso avaliar isso... Quem sabe, eu descubra... Logo." Pensou Ellie, que acenou positivamente para Alakazan e guardou o chicote.


Agora, na Arena, Sally ainda jazia jogada no chão.

Ela ouviu um soar de passos se aproximando, e tentou se mexer. Mas era dolorido. Gemendo alto, ela fechou os olhos, tentando conter a sua dor.

-Argh, cara... Como é que eu vou chegar no Spinda Bar...? - Lamentou-se, começando a se desanimar.

Viu que uma sombra tampou a sua visão e ao abrir os olhos, encarou a sua oponente. Ela tinha olhos da mesma cor que os seus, apenas levemente mais escuros e com cílios maiores.

- Eu acho que podemos terminar por aqui. - Sugeriu a Tyranitar, se ajoelhando em frente a adversária caída.

- Ah, nem vem. EU ainda to acordada! - E Sally rolou para o lado, levantando-se tremendo, gemendo de dor.

- Como quiser. - E Tyranitar entrou em posição de combate.

Sally sorriu, e respirou fundo.


* **


Mais um golpe. Teria força para mais um golpe. E o resto, que lidasse depois, provavelmente.

Mas não iria desistir. Algo dentro dela, pulsava e dizia para continuar.

"Jamias desista, não importa o quanto doa, o quanto difícil seja. Você pode, e eu também."

Uma tristeza invadiu seu coração quando essa memoria veio a tona. Mais um fragmento na qual não se lembrava.

- Por que está chorando?-Pergunta a mulher de armadura.

- A-ah, não é nada.- E ela enxuga rapidamente a lágrima que ameaçou cair. - Ainda não acabou! METAL CLAW!

Sally avançara tão rápido que o ar zuniu ao seu redor. Ela era um raio, um raio azul e imparável.
E mirando no rosto, deslizou suas garras.

Ouvindo um som como um metal soando contra metal, faíscas vermelhas voaram e Sally se viu agora, que algo a tocou.

A mão coberta de metal segurou seu ombro, a impedindo de se aproximar mais. O rosto que havia se virado no impacto, a olhou face a face. 

- Me diz... - Sally sussurra, com a voz rouca depois de tantos gritos. - Por que usa uma máscara?

A Tyranitar colocou sua mão esquerda no rosto coberto, e suspirou.

- Ninguém que não tenha me derrotado, pode me olhar. - disse orgulhosa. - É uma regra do meu clã.

- Que chato... Seguir regras chatas.

A máscara caíra. E agora jazia quebrada no chão.

Um silêncio absoluto se instaurou no lugar.

- Ah, não... - Diz Diana, estática na arquibancada.

Sally agora tinha um sorriso bobo no rosto. A expressão da moça a sua frente era de pura surpresa.

- Sabe, você fica bem melhor assim, moça.

E ela arqueou as sobrancelhas, de olhos arregalados.

- Ué, o que foi...? Ah.

Um ferimento na barriga de Sally parecia ter cortado sua pele. Agora, sua jaqueta estava ficando manchada de sangue.

E agora pálida, Sally olhou uma última vez para a guerreira, antes de cair no chão.

- Sally...!-Lamentou a mulher, que a amparou com os braços, segurando-a no colo. - Não feche os olhos agora!

- Uhm...Eu...Não sei o seu nome... até agora... - Disse, com as últimas forças que restavam. Sorriu ao ver a reação de surpresa da outra, com os olhos prestes a se fechar.

Mas esta suavizou sua expressão, sorrindo.

Sally fechou os olhos e mais nada disse.

E finalmente desmaiou.






Leave a Reply

Subscribe to Posts | Subscribe to Comments

- Copyright © 2016 Pokémon Mystery Dungeon: A Fanfiction - Escrito por White Vir Scarlet (WV) - Powered by Blogger - Designed by Johanes Djogan -